Em 1808, Dalton publica “Um novo sistema de filosofia química”, no qual desenvolve suas convicções atomísticas. Quatro afirmações básicas compõem o núcleo dos conhecimentos sobre a constituição da matéria e de como os elementos se combinam: • Os átomos são corpúsculos materiais indivisíveis e indestrutíveis; • Os átomos de um mesmo elemento são idênticos em todos os aspectos; • Os átomos de diferentes elementos possuem propriedades distintas quanto ao peso, tamanho, afinidade, etc; • Os compostos são formados pela reunião de átomos de diferentes elementos, segundo proporções numéricas simples, tais como 1:1, 1:2, 2:3, etc. É importante ressaltar que o átomo grego não é um precursor do átomo de Dalton. As idéias de Dalton também diferem de ‘concepções atomísticas’ vigentes nos séculos XVII e XVIII que, de modo vago, pouco preciso, expressam a descontinuidade da matéria. Nesse contexto, a noção boyleana de elemento é fundamental para localizar e intensificar no âmbito de uma química nova, emergente, as pesquisas sobre a estrutura da matéria. . O atomismo de Dalton se estrutura em bases conceituais e epistemológicas distintas do atomismo de Demócrito, Epicuro, Lucrécio. A postulação do corpúsculo indivisível grego é intuitiva, especulativa, teórica. Seduz e convence pela originalidade, pela audácia das conjeturas, pela força das analogias, pela ambição de explicar todas as coisas à luz de dois pressupostos fundamentais: existem átomos e existe o vazio. O atomismo de Dalton é científico, atual. A partir de Lavoisier, fica clara a relevância da medida para balizar ou refutar hipóteses. E ele não ignora isso. A noção de peso está presente em suas premissas básicas. A determinação dos pesos relativos dos constituintes elementares da matéria é a via que compensa o inatingível acesso à realidade concreta dessas partículas, mesmo com a extensão dos sentidos. FONTE: Peduzzi, L.O.Q. Do átomo grego ao átomo de Bohr, Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008